sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Histórico das eleições para a Assembleia de Freguesia de Palme


Proponho agora realizar uma breve análise pelo histórico das eleições para a Assembleia de Freguesia de Palme. Desde o 25 de Abril até ao momento houve 10 momentos eleitorais. Até às eleições de 1985, os mandatos autárquicos eram de três anos e, a partir daí, passaram a ser de quatro anos. Neste período de 33 anos, a Junta de Freguesia (eleita a partir da composição da respectiva Assembleia), teve quatro presidentes: um deles, o primeiro, eleito pelas listas do PS e todos os restantes pelas listas do PSD. Foram eles os Srs. Abílio Bernardino Pereira (1976-1979), José Rodrigues da Silva (1979-1993), Justino de Sá Gomes (1993-2001) e Arlindo Vila Chã (2001-2013?). Assim, conclui-se que o maior “consulado” foi o do Sr. José Rodrigues da Silva que se manteve 14 anos à frente dos destinos da freguesia. Além disso, verifica-se que nunca se apresentaram mais de três listas às eleições tendo isso apenas acontecido nas eleições de 1976 (CDS, PS e PSD), de 1989 e de 1993 (CDU, CDS e PSD) e nas de 2001 (CDU, PS e PSD). Por outro lado, constata-se que em dois momentos, em 1997 e em 2005, apenas se apresentou uma lista ao eleitorado (do PSD).
Em termos de resultados eleitorais obtidos por cada partido, a CDU apresentou três listas no decurso destes 33 anos, mas obteve registos sempre muito magros, uma vez que nunca ultrapassou os 2,5% de votos. A CDU é claramente uma força política com pouca expressão nesta freguesia de carácter conservador e esta lista só parece surgir pela carolice de alguns esquerdistas mais afoitos. Por seu turno, as listas do CDS foram a votos cinco vezes, tendo logrado o melhor resultado (42,1%) em 1993. As eleições desse ano foram disputadas em condições muito particulares, pois devido a divergências internas, os elementos da Junta eleita em 1989 (no caso o Secretário e o Presidente) desentenderam-se e apresentaram-se ao eleitorado por listas diferentes em 1993: o anterior Secretário da Junta (Justino de Sá Gomes) como cabeça de lista do PSD; e o anterior Presidente (José Rodrigues da Silva) como cabeça de lista pelo CDS, ou seja, candidatando-se por um partido diferente daquele por que tinha sido eleito. A lista do PSD viria a ganhar com cerca de 11% de avanço sobre a do CDS. Em relação ao PS, foram quatro as listas submetidas ao sufrágio dos Palmenses. O melhor resultado foi alcançado logo nas primeiras eleições, obtendo 50% dos votos e ficando 16% à frente do PSD, o que lhe permitiu eleger o primeiro presidente da Junta de Freguesia. Nas eleições seguintes e também devido a rupturas internas, houve elementos da Junta PS que se candidataram por outro partido (PSD), o que viria a enfraquecer e a arredar o PS da Junta nas eleições seguintes. Por último e a partir de 1979, as listas do PSD foram sempre as mais votadas, tendo sido obtido o registo mais elevado (85% dos votos) em 1997 numa situação de lista única. Com excepção das primeiras eleições, o resultado obtido pela lista do PSD em 2009 foi o pior de sempre, de que resultou também a vitória menos folgada, pois esta lista só obteve mais 8% (mais 65 votos) do que a lista do PS.
No que se refere aos votos brancos e nulos, os valores mais elevados ocorreram em anos em que só foi apresentada uma lista aos eleitores, nomeadamente em 1997 quando atingiram 14,7% e em 2005 quando superaram a fasquia dos 20%, a percentagem mais elevada de sempre. Por outro lado, os valores de abstenção também acompanham esta tendência, pois são sempre mais elevados quando apenas concorre uma lista. O valor mais alto ocorreu também em 2005, quando não foram votar 35% dos inscritos.
Estes números indicam que a existência de uma lista única não motiva nem mobiliza tanto os eleitores, uma vez que o resultado “são favas contadas”; por outro lado, estes números sugerem que existe margem para a outras candidaturas, que poderão absorver os votos brancos/nulos (que podem ser interpretados como votos de cidadãos que não se revêem/acreditam na lista candidata) e atrair um maior número de eleitores. De facto, as eleições mais disputadas, como as de 1993, 2001 e de 2009 mostram que há uma redução substancial da abstenção e dos votos brancos/nulos. Por exemplo, nas eleições deste mês atingiu-se o valor mais baixo de abstenção (17,7%) e a menor percentagem de brancos/nulos (2,1%). A tendência do voto útil e a “contagem de espingardas” que é feita por cada uma das listas nos momentos de maior disputa eleitoral atraem um maior número de palmenses à assembleia de voto. Para tal contribui a existência de campanhas mais intensas (ruidosas entenda-se), o estreitamente de redes de proximidade (e de caciques) e outras manobras menos ortodoxas e mais obscuras, que procuram assegurar o “x” dos mais indecisos/desinformados no quadrado certo. Estes mesmos ingredientes, uma vez mais, parece que estiverem presentes nestas últimas eleições. Mas disso me ocuparei mais adiante.




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