sexta-feira, 31 de julho de 2015

O sinal sem sentido

No post do passado mês de Abril falei de algumas tradições e características que fazem de Palme uma terra única. Pois bem, hoje não venho falar de tradições, mas sim de algo que também deverá ser único. Ou que, pelo menos, é um pouco bizarro.

Talvez os mais distraídos nunca tenham reparado, mas ele há coisas do arco-da-velha aqui na nossa terra. Quem desce de Vila Chã para Palme, antes de chegar ao cruzamento da Balança, depara-se com um sinal de trânsito deveras curioso e até intrigante. Depois da última curva à direita, os condutores encontram um sinal de STOP sem que nada faça prever a necessidade dos veículos ali pararem. E uns metros à frente do STOP aparece um novo sinal, um triângulo invertido, informando os condutores que devem ceder prioridade novamente. Como é bom de imaginar, a ordem dos sinais parece estar também ela invertida: primeiro devia surgir o triângulo e só depois o STOP. Ou então o triângulo refere-se à perda de prioridade no cruzamento da Balança, onde surge novo STOP. Ou então o primeiro STOP só está ali a pregar uma partida aos condutores, como parece, de facto, ser o caso.

No outro dia, vinha atrás de um veículo de ensino de condução, com o respetivo L bem visível na retaguarda. Já agora, para quem não sabe, o L vem de lesma significando, portanto, veículo lento. Lá vinha eu atrás da cachopa, a 20 km horários, quando ao chegar ao tal STOP, no meio do monte, ela, cumpridora, estacou o carro. Estivemos ali uns segundos naquilo, o instrutor gesticulou e o carro, com um solavanco, lá iniciou nova marcha. Foi aí que dei conta do STOP, um tanto ou quanto esverdeado da sombra, mas ali estava ele, com toda a sua autoridade hexagonal. Uns dias depois, ao passar novamente no local, procurei averiguar o porquê daquele sinal ali estar. Na verdade não encontrei nada que o justificasse: nem entroncamento, nem cruzamento, nem portagem, nem passadeira sequer. Apenas um pouco mais à frente, junto ao triângulo invertido, se vislumbra um pequeno atalho à direita, que se encaminha para o meio do monte. Será trilho de coelho? De raposa? De javali? De brasileira? Não sei, mas não desconsiderando a proteção que a fauna local (e exótica) nos deve merecer, parece manifestamente exagerado estar ali aquele sinal a obrigar os carros a pararem ou, melhor dizendo, a obrigar os condutores a cometerem uma infração, pois ali ninguém para. Nem faria sentido que parassem.

Seria bom que o STOP fosse dali retirado e, depois de uma boa esfrega com uma vassoura de piaçaba, fosse colocado numa rua onde realmente faz falta – e não faltam por aí ruas a precisar dele. Assim, os condutores cumpridores ficariam mais aliviados, pois já não eram obrigados a parar no meio do monte. No código da estrada há um sinal que indica sentido proibido. Agora há uma nova categoria: o sinal sem sentido, como é o caso deste STOP. É que na verdade faz tanto sentido estar lá este sinal como a placa “pare, escute e olhe” a advertir os condutores para a passagem do comboio…