No passado dia 1 de Junho, um acontecimento rocambolesco projectou a nossa freguesia para as capas dos jornais: um autocarro despistou-se numa lomba e derrubou a fachada principal de uma casa. Ora esta notícia só pode ser insólita para quem ainda não teve o prazer de passar por cima da lomba e de sentir os consequentes solavanco e lombeirada. Aquilo não é uma lomba, é uma parede que foi erguida no meio da estrada. Mas vamos primeiro à história das lombas.
A recta em causa (parece que agora se chama Avenida de Palme, ignorando o próprio conceito de avenida, mas isso fica para outra altura) funcionava, é verdade, como uma pista de alta velocidade, onde os automobilistas e principalmente os motociclistas se desafiavam para ver quem conseguia chegar à morte em primeiro lugar. Curiosamente, não me consta que nenhum destes aceleras tenha atingido o seu objectivo. Agora acidentes, chapa amolgada e sangue houve e não foi pouco. Alguns perderam mesmo a vida, mas nos atravessamentos da EN103. A circulação de pessoas, tractores, bicicletas e animais aliada às características da via (estreita e sinuosa) e ao estacionamento em plena faixa de rodagem, recomendam moderação e cautela na condução. Mas, como ninguém respeita regras nem sinalização, a circulação na EN305 era uma espécie de teste à perícia e à concentração dos condutores e dos peões. Para sanar este problema, a solução encontrada foi a de construir lombas em três locais problemáticos: junto aos entroncamentos da “escola velha”, da ponte da Aldeia e do Adães. Esta obra foi, porventura, um dos grandes emblemas da anterior (actual) Junta. O que não se compreende é como é que foi possível construir a lomba do Adães: dá ideia que pegaram numa parede e encaixaram-na ali no meio da estrada. É demasiado alta, tem as faces muito levantadas e é muita larga. Obriga os carros quase a parar e os mais rebaixados roçam mesmo na lomba. O resultado é fácil de imaginar. Nos primeiros tempos, houve dezenas de carros danificados, despistes, acidentes e feridos. Basta ver que depois da lomba a estrada está toda esburacada do embate dos veículos, manchada de óleo e frequentemente pontilhada por pedaços de ópticas, parafusos, fragmentos de carcaças e de engrenagens. Mais tarde, talvez para emendar o erro, foram colocadas luzes de sinalização no pavimento e sinais vertical. As pessoas que passam quotidianamente na estrada, habituaram-se a afrouxar sob pena de darem uma cabeçada no tejadilho e de desfazerem o veículo que não tem asas para voar. Só quem não conhece é que pode cair na ratoeira que esta lomba representa. Foi o que sucedeu com o autocarro que se despistou e embateu na casa. Parece evidente que o objectivo que levou à criação das lombas, está a gerar um efeito contrário, contribuindo para o aumento da sinistralidade. Só ainda não houve mortos, mas não faltou muito como se vê por este triste episódio.
Confesso que percebo pouco de tráfego e menos ainda de lombas. Mas despertou-me a curiosidade saber se há especificações legais para as lombas, porque acredito que a lomba do Adães seja completamente ilegal. Numa pesquisa rápida, encontrei dois documentos: um parecer do Procurador da República Adjunto João Alves (www.verbojuridico.net/doutrina/outros/lombas.html) e uma nota técnica da Associação Nacional Segurança Rodoviária (http://www.ansr.pt/Default.aspx?tabid=100).
No primeiro caso, o autor conclui que as lombas são ilegais, referindo que não encontra nenhuma lei ou mesmo norma que permita que as autoridades (Câmaras ou Juntas) instalem estas estruturas nas vias. O autor faz uma pesquisa exaustiva e inclui vários exemplos internacionais para afirmar que as lombas causam mais transtornos e incómodos que vantagens e que não contribuem decididamente para reduzir a sinistralidade, bem pelo contrário. A questão do vazio legal foi entretanto colmatada com uma nota técnica relativa à instalação e sinalização de lombas redutoras de velocidade, promovida pela ANSR. Numa leitura rápida pode-se concluir que há vários aspectos que as lombas de Palme não respeitam. Por exemplo, no ponto 4.1.4 é referido que as lombas não podem ser instaladas a uma distância inferior a 25m de pontes e de viadutos. Ora acontece que as lombas do Adães e da Aldeia estão precisamente instaladas sobre pontes, agravando a perigosidade que representam. Na alínea f) do ponto 4.1.4 é igualmente referido que as lombas não podem ser instaladas em vias sem passeios (tal sucede na lomba do Adães). E mais grave do que isso, a lomba do Adães fica em cima de uma paragem de autocarros, o que aumenta consideravelmente o risco de os utentes dos transportes públicos serem ceifados na sequência de um despiste de um condutor incauto. Em relação às dimensões, penso que as lombas, em especial a do Adães, não respeita as normas legais pois, pelo impacto que produzem, não acredito que a face vertical da lomba seja inferior a 6mm e que a sua altura máxima seja inferior a 7,5cm.
Face a tudo isto, parece evidente que as lombas instaladas na nossa freguesia são ilegais ou, pelo menos, apresentam graves ilegalidades e riscos acrescidos para a segurança dos condutores e dos peões. Os inúmeros incidentes e acidentes provocados pelas lombas são a prova desta má solução, não sendo de excluir que venham a provocar uma tragédia, como já esteve a acontecer com este caso. Pelo menos, para quem passa por lá todos os dias, as lombeiradas estão garantidas…e, na minha opinião, quem as construiu precisava também de uma boa lombeirada!!
A recta em causa (parece que agora se chama Avenida de Palme, ignorando o próprio conceito de avenida, mas isso fica para outra altura) funcionava, é verdade, como uma pista de alta velocidade, onde os automobilistas e principalmente os motociclistas se desafiavam para ver quem conseguia chegar à morte em primeiro lugar. Curiosamente, não me consta que nenhum destes aceleras tenha atingido o seu objectivo. Agora acidentes, chapa amolgada e sangue houve e não foi pouco. Alguns perderam mesmo a vida, mas nos atravessamentos da EN103. A circulação de pessoas, tractores, bicicletas e animais aliada às características da via (estreita e sinuosa) e ao estacionamento em plena faixa de rodagem, recomendam moderação e cautela na condução. Mas, como ninguém respeita regras nem sinalização, a circulação na EN305 era uma espécie de teste à perícia e à concentração dos condutores e dos peões. Para sanar este problema, a solução encontrada foi a de construir lombas em três locais problemáticos: junto aos entroncamentos da “escola velha”, da ponte da Aldeia e do Adães. Esta obra foi, porventura, um dos grandes emblemas da anterior (actual) Junta. O que não se compreende é como é que foi possível construir a lomba do Adães: dá ideia que pegaram numa parede e encaixaram-na ali no meio da estrada. É demasiado alta, tem as faces muito levantadas e é muita larga. Obriga os carros quase a parar e os mais rebaixados roçam mesmo na lomba. O resultado é fácil de imaginar. Nos primeiros tempos, houve dezenas de carros danificados, despistes, acidentes e feridos. Basta ver que depois da lomba a estrada está toda esburacada do embate dos veículos, manchada de óleo e frequentemente pontilhada por pedaços de ópticas, parafusos, fragmentos de carcaças e de engrenagens. Mais tarde, talvez para emendar o erro, foram colocadas luzes de sinalização no pavimento e sinais vertical. As pessoas que passam quotidianamente na estrada, habituaram-se a afrouxar sob pena de darem uma cabeçada no tejadilho e de desfazerem o veículo que não tem asas para voar. Só quem não conhece é que pode cair na ratoeira que esta lomba representa. Foi o que sucedeu com o autocarro que se despistou e embateu na casa. Parece evidente que o objectivo que levou à criação das lombas, está a gerar um efeito contrário, contribuindo para o aumento da sinistralidade. Só ainda não houve mortos, mas não faltou muito como se vê por este triste episódio.
Confesso que percebo pouco de tráfego e menos ainda de lombas. Mas despertou-me a curiosidade saber se há especificações legais para as lombas, porque acredito que a lomba do Adães seja completamente ilegal. Numa pesquisa rápida, encontrei dois documentos: um parecer do Procurador da República Adjunto João Alves (www.verbojuridico.net/doutrina/outros/lombas.html) e uma nota técnica da Associação Nacional Segurança Rodoviária (http://www.ansr.pt/Default.aspx?tabid=100).
No primeiro caso, o autor conclui que as lombas são ilegais, referindo que não encontra nenhuma lei ou mesmo norma que permita que as autoridades (Câmaras ou Juntas) instalem estas estruturas nas vias. O autor faz uma pesquisa exaustiva e inclui vários exemplos internacionais para afirmar que as lombas causam mais transtornos e incómodos que vantagens e que não contribuem decididamente para reduzir a sinistralidade, bem pelo contrário. A questão do vazio legal foi entretanto colmatada com uma nota técnica relativa à instalação e sinalização de lombas redutoras de velocidade, promovida pela ANSR. Numa leitura rápida pode-se concluir que há vários aspectos que as lombas de Palme não respeitam. Por exemplo, no ponto 4.1.4 é referido que as lombas não podem ser instaladas a uma distância inferior a 25m de pontes e de viadutos. Ora acontece que as lombas do Adães e da Aldeia estão precisamente instaladas sobre pontes, agravando a perigosidade que representam. Na alínea f) do ponto 4.1.4 é igualmente referido que as lombas não podem ser instaladas em vias sem passeios (tal sucede na lomba do Adães). E mais grave do que isso, a lomba do Adães fica em cima de uma paragem de autocarros, o que aumenta consideravelmente o risco de os utentes dos transportes públicos serem ceifados na sequência de um despiste de um condutor incauto. Em relação às dimensões, penso que as lombas, em especial a do Adães, não respeita as normas legais pois, pelo impacto que produzem, não acredito que a face vertical da lomba seja inferior a 6mm e que a sua altura máxima seja inferior a 7,5cm.
Face a tudo isto, parece evidente que as lombas instaladas na nossa freguesia são ilegais ou, pelo menos, apresentam graves ilegalidades e riscos acrescidos para a segurança dos condutores e dos peões. Os inúmeros incidentes e acidentes provocados pelas lombas são a prova desta má solução, não sendo de excluir que venham a provocar uma tragédia, como já esteve a acontecer com este caso. Pelo menos, para quem passa por lá todos os dias, as lombeiradas estão garantidas…e, na minha opinião, quem as construiu precisava também de uma boa lombeirada!!