quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Relatório e contas 2009-2013

Estamos em vésperas de eleições autárquicas. As ruas estão repletas de cartazes, outdoors, faixas, palavras de ordem, de fotografias retocadas com Photoshop e até, talvez, com algum botox. Este ano a campanha segue especialmente animada, pois há três listas a concorrer para a Assembleia de Freguesia: duas delas do PSD (uma oficial e outra encapotada de independente) e uma do PS. Mas a seu tempo falaremos do desenrolar da campanha e do desfecho das eleições. Por agora debrucemo-nos no balanço do que foram os últimos quatro anos da governação da Junta PSD em Palme.

O tema forte da campanha de 2009 foi o famigerado aterro sanitário. As duas listas concorrentes esgrimiram argumentos sobre quem era o responsável de ter escolhido Palme para o destino do aterro. A lista do PS acusava o anterior executivo do Fernando Reis (que Deus o tenha em paz) de ser o responsável pela decisão. O PSD local rechaçava a acusação, argumentando que teria sido o Governo (Socialista), nomeadamente o Ministério da Economia, a definir a localização do aterro. E a lista ia mais longe nestas considerações, profetizando que, com o PS, o aterro seria certo em Palme (se já não se recordam, consultem os posts dessa altura, onde estão os folhetos das campanhas). Qual foi o desenlace desta história? O PS venceu a Câmara Municipal e, pouco tempo depois, o problema do aterro foi resolvido, tendo sido encontrada uma localização alternativa e pacífica. Pelo meio foram divulgados documentos que comprovam que Palme era a escolha de Fernando Reis (e de Domingos Araújo, à data seu chefe de gabinete). Era este o presente envenenado que ele tinha reservado para os seus súbditos de Palme, que sempre lhe tiveram uma fidelidade canina e, muitos deles, preferiam mil vezes ter cá o aterro que ter o Costa Gomes na Câmara Municipal. Conclusão: fomos duplamente enganados. Fomos iludidos pela Junta de Freguesia, que defendia a posição de Reis (“temos a palavra do Dr. Fernando Reis que está ao lado de Palme” e “mantemos todo o apoio ao Dr. Fernando Reis”); e fomos aldrabados pelo dito cujo que, cobardemente, dizia que Palme não seria o destino final e, pela calada, dava andamento ao processo. Vade retro, cruzes canhoto!! Além disso, ficámos a saber que o PSD de Palme também não é de confiança em questões de adivinhações, profecias e outras ciências ocultas…

Desta encruzilhada diabólica safámo-nos porque outros tiveram o bom senso de escolher por nós. Não menos espantoso foi o agradecimento público feito pelo ainda Presidente da Junta de Palme (num infomail do MIB!) à decisão do presidente da Câmara, o que foi entendido por alguns como um apoio à lista do PS!...

Passemos agora à atuação da Junta nos últimos 4 anos. Foi um mandato animado, não pelo que foi feito, mas pela balbúrdia interna que se viveu e que terá estado na origem do surgimento de duas listas do PSD. Tivemos o presidente da Assembleia de Freguesia que resignou. Depois, assistimos a uma remodelação da Junta, após a renúncia ao cargo do Secretário e Tesoureiro, que bateram com a porta a meio do mandato (numa estratégia para o antigo Secretário se apresentar agora aos eleitores de cara lavada, pelo menos é o que se diz por aí…). Estas trapalhadas e jogadas políticas eram de somenos importância se o compromisso eleitoral de 2009 tivesse sido cumprido ou se, pelo menos, algumas das promessas tivessem sido realizadas ou até iniciadas. Ainda houve uma réstia de esperança que alguma coisa fosse feita nestas últimas semanas, algum anúncio sequer! Mas nada de nada, absolutamente nada! Não houve uma única promessazinha que tivesse sido cumprida. Nada saiu do papel. E este foi o terceiro embuste que nos fizeram crer passar. Como pode a freguesia progredir se nada for feito? Que sustentação tem uma candidatura que se assumia “em defesa e progresso de Palme” se mais não fez que contribuir para o seu retrocesso? Como podem as promessas eleitorais transitar de campanha em campanha, como quem atira barro à parede a ver se cola? Tudo isto denota uma hipocrisia muito grande, um enorme desrespeito pelas pessoas e uma assombrosa falta de afeto pela nossa terra. Mas a desfaçatez faz escola e lá continua o seu caminho. Caso contrário não se entende como o atual candidato pelo PSD vem dizer que a recuperação do edifício da escola velha, degradado e propício à prática de vícios torpes, é uma das suas prioridades no caso de ser eleito. Então o senhor candidato não esteve vários anos na Junta até se demitir? Porque não pensou nisso antes? Foi só agora que reparou naquela placa que está lá desde 2005 (pelo menos) a esconder um vidro partido? E como é possível que o cabeça de lista do PSD à Junta apoie Domingos Araújo quando, por vontade deste, Palme estaria transformado numa gigantesca lixeira?

É evidente que, numa freguesia onde as pessoas não sofressem de partidite aguda, estes senhores não tinham uma segunda oportunidade, quanto mais uma terceira e uma quarta. Eram logo enxotados nas eleições seguintes. Mas agora em Palme, não há stress, está-se bem! Aqui o pessoal vota de cruz, não são precisas muitas canseiras. Lá diz o ditado: em terra de cegos, quem tem olho é rei!....