sábado, 31 de janeiro de 2015

Palme em mudança

Ao longo dos últimos meses tem-se assistido a várias mudanças em Palme, que eram simplesmente impensáveis de acontecer há algum tempo. Num dos últimos posts referia-me ao facto da freguesia estar transformada numa espécie de estaleiro, tantas eram as obras e intervenções que estavam a decorrer em paralelo. Entretanto, muitas delas já estão concluídas, entre as quais a recuperação das ruas afetadas pelo mau tempo. Apesar de esta ser a face mais visível da mudança, até porque muitas destas intervenções eram prioritárias, como o comprovam as atividades de apoio às crianças que decorrem na escola velha (outrora um depósito de lixo) ou a forte afluência de público à caixa multibanco. Até em coisas simples, como as iluminações natalícias, se notam progressos, como foi possível comprovar pelas bonitas e variadas decorações que foram colocadas na sede da Junta e no largo defronte à escola velha. As trevas natalícias do passado deram pois lugar a belas iluminações. Só não vê quem não quer!

Mas não é sobre estas mudanças físicas de que gostaria hoje de falar, mas sim sobre a animação sociocultural que de súbito surgiu na nossa terra. Até há pouco tempo, este tipo de atividades estava ligada a festas religiosas, nomeadamente à festa da Srª dos Remédios e à do Stº André (quando havia). Fora isso, atividades de confraternização e de entretenimento, nem vê-las. Ou então era necessário ir às terras vizinhas. Pois bem, este estado de paralisia parece estar a mudar, como o comprovam as diversas iniciativas de caráter cultural e recreativo que foram promovidas na freguesia ao longo do último ano. Estas atividades, da responsabilidade da recém-criada Associação Palmilhar, são de louvar, pois vieram colmatar um grande vazio que existia na nossa terra. Durante meses a fio não havia qualquer iniciativa ou dinâmica do ponto de vista social e cultural, não se passava praticamente nada durante todo o ano. A festa de Natal foi um dos exemplos do meritório trabalho que a Associação está a desenvolver. Integralmente protagonizada por pessoas da terra, que cantaram, representaram e divertiram, a festa de Natal serviu para demonstrar que existem muitos valores e talentos na nossa terra. Isto a juntar às outras associações já mais antigas, como o Rancho e o Auto de Floripes, que também têm participado nestas iniciativas. Afinal Palme tem futuro e há pessoas empenhadas em resgatar a freguesia do marasmo em que estava mergulhada!

Como se justifica que só agora surgisse esta dinâmica? Apesar de não se poder dizer que Palme é uma terra de gente acomodada (veja-se o grande número de pessoas que emigraram ao longo dos últimos anos por causa da falta de emprego, deixando para trás a família e os amigos), sempre houve alguma obstinação à mudança, o receio de dar um passo no desconhecido, a dúvida na capacidade dos outros. O primeiro momento da viragem terá sido a mudança operada na Junta, que inclusivamente apoiou a formação da Associação. Depois, a partir de um núcleo de pessoas competentes e dinâmicas foi criado um grupo que, de forma voluntária, trabalha em prol da freguesia e das suas gentes. O que parece ter faltado durante muito tempo foi a existência de condições e de estímulos para que este tipo de atividades fossem promovidas, pois estas pessoas (assim como muitas outras com valor) sempre estiveram por cá.

E as iniciativas da Associação continuam, pois de acordo com a página no facebook, vai iniciar-se em breve um curso de karaté e no dia 15 de Fevereiro haverá um desfile de Carnaval. Todas estas iniciativas eram impensáveis ainda há pouco tempo e é isso que nos mostra que Palme está a mudar. Ainda bem!