quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A rotunda da Balança

Neste primeiro post de 2018 proponho trazer aqui o tema da famigerada rotunda da Balança. O cruzamento da Estrada Municipal 305 (EM305) com a Estrada Nacional 103 (EN103) no lugar conhecido por “Balança” representa um perigo para todos os utentes destas vias por várias razões. Como se trata de um troço fora de uma localidade, os veículos circulam a elevada velocidade na EN 103, não obstante o sinal de 50 existente antes do cruzamento e o facto de lá existir uma passadeira. Para além da ausência de habitações e de entradas e saídas na EN 103, a elevada velocidade é favorecida pelo traçado retilíneo até pouco antes do cruzamento. Em segundo lugar, principalmente para quem sai de Palme, o local do cruzamento apresenta fraca visibilidade por estar numa zona de curvas próximas, tanto à esquerda como à direita. Para além das curvas, existem árvores e vegetação que reduzem ainda mais a visibilidade. Em terceiro lugar, é um cruzamento desnivelado. Também para quem vai a sair de Palme, há um relativo declive a subir, o que dificulta a manobra, principalmente para quem tem menos experiência de condução (vulgo “maçaricos”). Em quarto lugar, a EN 103 é uma via com relativo tráfego, o que pode gerar algumas filas de espera e levar alguns condutores a arriscarem nos atravessamentos. E por último, e não obstante a sinalização, é um cruzamento algo complexo, dadas as múltiplas possibilidades de direcções que podem ser tomadas a partir de cada sentido. Por todas estas razões, o cruzamento da Balança é um nó complexo e que acarreta relativa perigosidade. Há um longo historial de acidentes no local, com maior ou menor gravidade. Ainda não há muito um carro (novo) foi totalmente amolgado depois de colhido por uma carrinha que seguia na EN 103. Há até condutores principiantes que, por insegurança, vão dar a volta a Forjães para depois voltarem para Barcelos! 

Há uns tempos atrás, foi feita uma intervenção no local. Foram derrubadas algumas árvores para melhorar a visibilidade, alargaram-se as faixas de rodagem para se criarem vias de espera para os condutores que pretendem virar para a EM 305. As intervenções melhoraram um pouco o cruzamento, mas o problema no essencial persiste e os acidentes continuam a ocorrer. As soluções para resolver definitivamente o problema passariam pela construção de uma rotunda ou pela a colocação de semáforos no local. A construção de uma rotunda na Balança é uma velha aspiração da freguesia, mas até ao momento ainda não se concretizou. Nos últimos anos correu até uma recolha de assinaturas em Palme e nas freguesias vizinhas a reclamar a construção de uma rotunda. Mas a iniciativa não surtiu qualquer efeito prático. Nas últimas autárquicas, as listas candidatas à Junta de Freguesia colocaram a construção da rotunda no topo das suas promessas eleitorais. Desde então ainda passou pouco tempo, mas será que esta promessa vai mesmo ser realizada?

O grande problema da construção de uma rotunda prende-se com a entidade responsável pela intervenção. Por se tratar de uma estrada nacional, nem a Junta de Freguesia, nem sequer a Câmara Municipal têm competência para a realização do projeto, que depende inteiramente da IP – Infraestruturas de Portugal (que agrega a antiga JAE – Junta Autónoma de Estradas). Agora não ter competência é uma coisa, não querer saber é outra. E nesse aspeto quer a Junta (ou melhor as juntas das freguesias vizinhas), quer a Câmara têm o poder reinvindicativo e o dever de zelarem pelo interesse e pela segurança dos seus fregueses e municípes. E é isso que se lhes exige. As rotundas a partir de meados da década de 1990 foram construídas às centenas. Construíram-se rotundas em sítios espatafúrdios, onde não faziam faltam nenhuma. Esbajaram-se centenas de milhares de Euros com rotundas cibernéticas, iluminadas com lasers, com repuxos de água decorativos e com esculturas faraónicas. E onde faziam falta, em muitos locais esquecidos, ficaram por construir. Com a crise (e com a saturação das rotundas, que ameaçavam transformar Portugal numa gigantesca bolacha), a construção de rotundas decaiu. Os repuxos foram desligados por causa da conta da água, as luzes pela mesma razão, apagaram-se, os ajardinamentos deixaram de ser feitos. Mas, a um menor ritmo, as rotundas continuam por aí a ser construídas ou intervencionadas. Em Barcelos, gastou-se mais uma pipa de massa a colocar um galo gigantesco no centro de uma rotunda. E na EN 103, a tal do cruzamento da Balança, num local onde aparentemente não se justificava (num entroncamento em Areias de Vilar) foi recentemente construída mais uma rotunda.

Aquilo que se exige, pois, é que haja um tratamento igual, pois não há (ou não devia haver) barcelences de primeira e outros de segunda! E que haja uma avaliação séria e responsável dos pontos críticos das estradas, para que as intervenções sejam feitas onde realmente são necessárias e não obedeçam a outros critérios mais opacos (eleitoralismo, cunhas, pagamentos de favores, etc.). Se assim fosse, a rotunda da Balança, em Palme, já teria sido construída há muito!