domingo, 29 de março de 2020

Flores silvestres

Mais um fim de semana em prisão domiciliária por crimes que não cometemos ou que desconhecemos ter cometido. Os dias assim indistintos e incaracterísticos sucedem-se tristes, silenciosos, enfadonhos e desenxabidos. Já não há nada que nos distinga a semana do fim de semana, a capacidade para manter a mente e o corpo sãos e ativos vai-se desvanecendo. Felizmente que para quem vive no campo, o dever de confinamento não se limita a meia dúzia de metros quadrados delimitados por quatro paredes de betão. Para quem tem um quintal ou um jardim que seja, há sempre a possibilidade de apanhar sol, escutar os pássaros, fitar a paisagem e observar o despontar da natureza que segue o seu rumo à revelia das misérias humanas. Ninguém deu por nada, mas a primavera já chegou. Em cada recanto, as plantas renascem, os ramos até há pouco despidos e nus cobrem-se de viço e de tenras folhas e de vistosas flores. 

Neste dia de recolhimento obrigatório propus-me a fotografar flores silvestres aqui à volta. Poucos reparam nelas. As flores silvestres são efémeras, singelas, minúsculas às vezes. Mas é na sua simplicidade que radica a sua beleza. E é no ensinamento do contínuo renascimento da natureza que devemos confiar que melhores dias virão!




















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