terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O sítio da Junta de Freguesia de Palme, uma pobreza franciscana

Uma “pobreza franciscana”! Foi esta a ideia que me assaltou quando visitei pela primeira vez o sítio da Junta de Freguesia de Palme (JFP). No princípio do século XIII, o filho de um rico comerciante italiano, que viria a ficar conhecido por S. Francisco de Assis, fundou uma ordem religiosa que pugnava pela humildade, pelo desprendimento dos bens materiais e pela pobreza à imagem do exemplo da vida de Cristo. Estes ideais contrastavam com a opulência e com a prepotência com que o papado dirigia a Igreja, razão pela qual muitos dos seguidores desta ordem e de outras afins foram perseguidos e declarados heréticos. A utilização da expressão “pobreza franciscana” para caracterizar o sítio da JFP parece-me adequada, tendo em conta a escassez de informação e de funcionalidades e até pela grande componente de conteúdos religiosos que surgem. Mas vamos por partes.

O sítio da JFP (http://www.jf-palme.pt/) surge com muitos anos de atraso em relação às freguesias vizinhas (Aldreu e Feitos por exemplo) e procura “promover uma maior aproximação e envolvimento entre a população e a autarquia” como é referido na mensagem telegráfica do presidente. A disponibilização do sítio é uma medida positiva desde que permita a prestação de informações à generalidade das pessoas que o consultem e que possibilite a realização de determinadas tarefas burocráticas e administrativas, nomeadamente aos que residem na freguesia. Ora, na sua forma actual, o sítio não só não apresenta qualquer funcionalidade, como presta poucas informações e destas, algumas delas são incorrectas ou contém imprecisões. E mais grave do que isso, apresenta erros ortográficos, sinal de que o sítio foi construído “em cima do joelho”. O erro mais grosseiro aparece bem destacado e em letras gordas no menu relativo à heráldica (está “hiráldica”), dando pois uma triste imagem da freguesia aos internautas que devem pensar e, com razão, que “estes gajos nem escrever sabem”!... Depois, as informações disponibilizadas sobre a freguesia são muito escassas e centradas em aspectos específicos: património religioso, festas, artesanato. Nada é dito sobre actividades económicas, população, património natural, geografia, etc. Os breves apontamentos históricos são indignos desse nome e da ancestral presença humana nesta terra que remonta, pelo menos, ao Megalítico. Alguns factos históricos fundamentais são omitidos no relato. Por exemplo, que a actual freguesia de Palme resulta da fusão das freguesias de Stº André e de S. Salvador de Palme. E outras informações induzem o leitor em erro. Por exemplo, quando se diz que a freguesia de Palme esteve anexada à de Feitos quando, na verdade, o que sucedeu foi o contrário. Para repor alguma justiça na questão da história da freguesia proponho-me a trazer uma análise mais aprofundada e documentada num futuro tópico do blog.

Por tudo isto se pode concluir que o sítio da JFP reflecte a pobreza de ideias dos respectivos dirigentes e permite desconfiar que a sua criação não seja a de facilitar o acesso online a serviços e a informações, mas sim a de dar resposta às propostas que outros propuseram e por ser uma moda tecnológica, através da qual se cria um espaço ao qual vem depois a faltar funcionalidades, conteúdos, actualizações e manutenção. Oxalá eu me engane...







3 comentários:

  1. Sra Águia, a sra revela um total desrespeito pela cultura de Palme! Fique sabendo que a nossa gente escreve e fala (e elege) de acordo com o que lhe foi ensinado pelos seus antepassados. Assim não queira acabar com os touros de Barrancos nem "cus dezeres de Paurme".
    Certo da sua sensibilidade espero que em posts futuros adeqúe a sua linguagem erudita à plateia a que se dirige...

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  2. Sra. Águia
    Devo confessar que fui surpreendido ao deparar com tal ave! A linguagem usada, que oscila entre linguagem jornalística e prosa deliciosa, as análises pejadas de ironia e as fontes usadas, obriga-me a um trabalho mental de detective para tentar apurar a Vossa identidade.
    A perspicácia característica de tão nobre ave certamente já permitiu reparar que também eu integro a grande família alada. Apraz-me verificar que esta não é a única semelhança que nos une, pois recorro igualmente à visão excepcional, típica das aves, para ver as carências que aparentemente apenas alguns conseguem detectar na nossa freguesia.
    Esta constatação remete-nos para o mundo animal onde geralmente encontramos explicação para comportamentos humanos aparentemente tão paradoxais. Acresce o facto de a nossa freguesia ser ainda iminentemente rural. Assim não restam dúvidas que os animais intervêm de forma decisiva na vida da freguesia. Muitos dos comportamentos das pessoas são inspirados nos animais com quem convivem no seu dia-a-dia. Essa influência sentiu-se no acto eleitoral. Os eleitores dividiram-se em grupos com características típicas desses animais: os canídeos (os tais da “fidelidade canina”), os asininos (aqueles cujo cérebro mais não permite), os camelídeos (que bebem tudo o que podem nas vésperas de eleições, pois aproxima-se a grande travessia do deserto), os suínos (“eles comem tudo, eles comem tudo”), os vacum (alguns não chegaram ao dia… entregues ao domicilio como a telepizza!), os híbridos (alguns espécimes cometem a proeza de congregar as características mais marcantes de cada tipo de gadagem) e os outros. Previsivelmente os outros perderam…
    Perante o exposto sou forçado a enquadrá-la, necessariamente, no grupo dos outros, o que restringe consideravelmente (44.95%) o seu anonimato.
    À espera de mais análises ao nosso burgo, despeço-me na esperança que mais aves se juntem à nossa irmandade dos céus.
    Ps (post sriptum para não gerar confusões): agora fiquei na dúvida se esta fórmula de fecho é poética ou azeitola!!!

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  3. Cara Ave rara,
    Já há algum tempo que ando para lhe responder, mas o tempo tem sido escasso. É só para lhe dar as boas-vindas ao blog e agradecer o comentário delicioso que deixou. Qualquer dúvida, comentário ou sugestão não hesite em postar. Assim conseguiremos que a nossa terra possa "voar mais alto"!!

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