segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Chegou 2010!...

Ao soar as primeiras badaladas das 0.00 horas do dia 1 de Janeiro, os foguetes subiram e anunciaram com o estrondo conhecido a chegada do ano novo. Manda a tradição que os anos que se vão sucedendo sejam expulsos e recebidos à lei da bomba e de tiros. Por isso mesmo, nas últimas horas de vida, o agonizante 2009 foi definitivamente morto por vários tiros certeiros (a autópsia porém ainda não foi divulgada para se saber qual dos seus órgãos vitais foi atingido mortalmente). Antigamente, porém, os anos moribundos eram escorraçados com buzinas, cornetas, chifres ocos e outros instrumentos de sopro que produziam toda a sorte de ruídos que afugentavam o pobre do ano velho para outros mundos. Agora, mercê da sofisticação tecnológica, os desgraçados dos anos velhos são crivados de chumbos, de zagalotes, de balas e, como se não bastasse, rebentam-lhes as entranhas com mísseis teleguiados em canas de bambu de tal modo que o pobre coitado, quando se aproxima a meia-noite, está morto e bem morto. E a este ano de 2009, que teve 365 dias bem medidos de misérias e de desgraças, praticamente ninguém deixou de lhe mandar uma bujarda, mesmo aqueles que o receberam com vivas e com champanhe borbulhante há 12 meses atrás. Que não vai deixar saudades é a opinião geral.
Chega agora 2010 e a esperança renasce de um ano mais feliz, com mais saúde, dinheiro, emprego, paz, blá, blá, blá. Os foguetes com as esperanças retesadas nos cartuchos de papel, anunciaram através de tiros de dinamite e de estrelas cadentes de mil cores, a chegada do novo ano (ou será que é a confirmar o óbito definitivo do ano anterior?). Lançam-se gritos efusivos de FELIZ ANO NOVO, cada um tece desejos secretos para o ano que acaba de dar à luz (coitado tão pequeno e logo com tantas responsabilidades), aviam-se as 12 passas, entornam-se (mais) taças de champanhe, alguns saltam mesmo de uma cadeira para o chão, arriscando uma fractura ou um entorse, que é sempre amortecida pelo efeito anestésico do álcool. Segue-se uma noite de folia e de excessos, é preciso esquecer o ano velho e celebrar o novo, que não raras vezes acaba mal, com as pessoas retorcidas no meio de ferros porque a árvore não se desviou do carro ou simplesmente com lancinantes dores de cabeça e ressacas mal humoradas, porque os vinhos já não são o que eram, agora é tudo uma zurrapa feita a martelo que nem o fígado consegue destilar, claro está. Mas todos os sacrifícios valem a pena, pois não é todos os dias que se festeja o dia 1 de Janeiro de 2010. Contudo, prepara-te 2010, palpita-me que lá para o final do ano vão fazer-te a folha. Tal como um novo bebé na família, foste recebido com ternura e esperança. Mas mesmo que tragas boas notícias e que sejas profícuo, quando entrares na terceira idade, as pessoas que lá chegarem vão repelir-te como um animal peçonhento, vão fuzilar-te na última noite do ano e cairás rapidamente no esquecimento. Depois não digas que não avisei…
Para aqueles que sabem decifrar a linguagem das explosões e dos morteiros, deixo aqui o vídeo do que foi anunciado logo a seguir às primeiras badaladas de 2010 na nossa terra. Eu assumo desde já a minha ignorância para decifrar estes dizeres de relâmpagos, tiros e fagulhas incandescentes. Talvez quem conheça estes alfabetos, os fogueteiros por exemplo, possam vir aqui dizer o que nos reserva 2010. Para bem de todos nós, espero que nos traga boas notícias. E espero que todos, em conjunto, contribuamos para um bom 2010. São estes os meus votos sinceros.



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