Estamos em vésperas de eleições
autárquicas. As ruas estão repletas de cartazes, outdoors, faixas, palavras de ordem, de fotografias retocadas com
Photoshop e até, talvez, com algum botox. Este ano a campanha segue especialmente
animada, pois há três listas a concorrer para a Assembleia de Freguesia: duas
delas do PSD (uma oficial e outra encapotada de independente) e uma do PS. Mas
a seu tempo falaremos do desenrolar da campanha e do desfecho das eleições. Por
agora debrucemo-nos no balanço do que foram os últimos quatro anos da
governação da Junta PSD em Palme.
O tema forte da campanha de 2009 foi o
famigerado aterro sanitário. As duas listas concorrentes esgrimiram argumentos
sobre quem era o responsável de ter escolhido Palme para o destino do aterro. A
lista do PS acusava o anterior executivo do Fernando Reis (que Deus o tenha em
paz) de ser o responsável pela decisão. O PSD local rechaçava a acusação,
argumentando que teria sido o Governo (Socialista), nomeadamente o Ministério
da Economia, a definir a localização do aterro. E a lista ia mais longe nestas
considerações, profetizando que, com o PS, o aterro seria certo em Palme (se já
não se recordam, consultem os posts
dessa altura, onde estão os folhetos das campanhas). Qual foi o desenlace desta
história? O PS venceu a Câmara Municipal e, pouco tempo depois, o problema do
aterro foi resolvido, tendo sido encontrada uma localização alternativa e
pacífica. Pelo meio foram divulgados documentos que comprovam que Palme era a escolha
de Fernando Reis (e de Domingos Araújo, à data seu chefe de gabinete). Era este
o presente envenenado que ele tinha reservado para os seus súbditos de Palme,
que sempre lhe tiveram uma fidelidade canina e, muitos deles, preferiam mil
vezes ter cá o aterro que ter o Costa Gomes na Câmara Municipal. Conclusão:
fomos duplamente enganados. Fomos iludidos pela Junta de Freguesia, que
defendia a posição de Reis (“temos a palavra do Dr. Fernando Reis que está ao
lado de Palme” e “mantemos todo o apoio ao Dr. Fernando Reis”); e fomos
aldrabados pelo dito cujo que, cobardemente, dizia que Palme não seria o
destino final e, pela calada, dava andamento ao processo. Vade retro, cruzes
canhoto!! Além disso, ficámos a saber que o PSD de Palme também não é de confiança
em questões de adivinhações, profecias e outras ciências ocultas…
Desta encruzilhada diabólica safámo-nos
porque outros tiveram o bom senso de escolher por nós. Não menos espantoso foi
o agradecimento público feito pelo ainda Presidente da Junta de Palme (num infomail do MIB!) à decisão do
presidente da Câmara, o que foi entendido por alguns como um apoio à lista do
PS!...
Passemos agora à atuação da Junta nos
últimos 4 anos. Foi um mandato animado, não pelo que foi feito, mas pela
balbúrdia interna que se viveu e que terá estado na origem do surgimento de
duas listas do PSD. Tivemos o presidente da Assembleia de Freguesia que
resignou. Depois, assistimos a uma remodelação da Junta, após a renúncia ao
cargo do Secretário e Tesoureiro, que bateram com a porta a meio do mandato
(numa estratégia para o antigo Secretário se apresentar agora aos eleitores de
cara lavada, pelo menos é o que se diz por aí…). Estas trapalhadas e jogadas
políticas eram de somenos importância se o compromisso eleitoral de 2009 tivesse
sido cumprido ou se, pelo menos, algumas das promessas tivessem sido realizadas
ou até iniciadas. Ainda houve uma réstia de esperança que alguma coisa fosse
feita nestas últimas semanas, algum anúncio sequer! Mas
nada de nada, absolutamente nada! Não houve uma única promessazinha que tivesse
sido cumprida. Nada saiu do papel. E este foi o terceiro embuste que nos
fizeram crer passar. Como pode a freguesia progredir se nada for feito? Que
sustentação tem uma candidatura que se assumia “em defesa e progresso de Palme”
se mais não fez que contribuir para o seu retrocesso? Como podem as promessas
eleitorais transitar de campanha em campanha, como quem atira barro à parede a
ver se cola? Tudo isto denota uma hipocrisia muito grande, um enorme
desrespeito pelas pessoas e uma assombrosa falta de afeto pela nossa terra. Mas
a desfaçatez faz escola e lá continua o seu caminho. Caso contrário não se
entende como o atual candidato pelo PSD vem dizer que a recuperação do edifício
da escola velha, degradado e propício à prática de vícios torpes, é uma das
suas prioridades no caso de ser eleito. Então o senhor candidato não esteve
vários anos na Junta até se demitir? Porque não pensou nisso antes? Foi só
agora que reparou naquela placa que está lá desde 2005 (pelo menos) a esconder
um vidro partido? E como é possível que o cabeça de lista do PSD à Junta apoie
Domingos Araújo quando, por vontade deste, Palme estaria transformado numa
gigantesca lixeira?
Sem comentários:
Enviar um comentário