Apesar do minguar dos dias e da
chegada do frio e das chuvas, o outono é uma época de beleza excecional. Nada
se compara à luz dos dias soalheiros do outono. É uma espécie de poalha amarela
e tépida, que tinge a paisagem de dourado e convida a um passeio ao ar livre. A
paisagem, com a sua explosão de cores outonais, estende-nos a mão, solícita. As
árvores, antes de se despirem, tingem-se de mil cores que vão do ocre ao
castanho, passando pelo laranja e vermelho. No chão, depois das primeiras
chuvas, surgem tapetes de veludo verde. E depois há a derradeira oferenda de
frutos da época: os suculentos e vistosos diospiros; as romãs, um dos frutos
bíblicos, que parecem coroas reais; as castanhas polidas nos ouriços eriçados
de picos; as nozes que fazem lembrar cérebros em miniatura; as azeitonas que
pintalgam as oliveiras de preto e são a perdição dos tordos; e as laranjas que
começam a ganhar cor, cheias de receio das geadas do inverno. Alguns arbustos,
como o azevinho e a piracanta, cobrem-se de bagas e de pequenos frutos que são
o último festim das aves, antes de chegar a invernia. Para completar o
ramalhete destas relíquias naturais do outono falta falar de uns pequenos
organismos que, inesperadamente, irrompem do solo para curiosidade e receio das
pessoas: os cogumelos. Apesar de se encontrarem durante outras épocas, o outono
é o período de excelência para encontrar cogumelos silvestres.
Os cogumelos pertencem ao reino dos
fungos do qual fazem parte outros organismos, como as leveduras. A designação
de “cogumelo” aplica-se aos chamados macrofungos, ou seja, aos fungos que
apresentam grandes estruturas, que mais não são que órgãos frutíferos necessários
à sua reprodução. Ou seja, quando ingerimos cogumelos estamos, literalmente, a comer os seus órgãos reprodutivos! Apesar dos cogumelos terem diversas formas, estas estruturas
correspondem normalmente ao pé e ao chapéu, cuja função consiste na produção e na dispersão de esporos, que equivalem às sementes das
plantas, através dos quais os cogumelos se multiplicam. Para além do
tradicional pé e chapéu, o cogumelo é também constituído por micélio, que é uma
rede muito fina de filamentos (as hifas), através dos quais os cogumelos
absorvem nutrientes e água indispensáveis ao seu crescimento.
Como toda a gente sabe, existe uma
enorme variedade de cogumelos em termos de formas, tamanho, estruturas, cores
e, claro, de comestibilidade. Muitos dos cogumelos silvestres são comestíveis,
sendo saborosos e com propriedades benéficas para a saúde. Depois há a classe
dos que não são comestíveis. Muito embora não sendo tóxicos, são cogumelos que não se consomem, porque não têm interesse culinário ou porque simplesmente sabem
mal. Depois há a classe dos tóxicos. Aqui distinguem-se os que não são fatais dos
que são mortais. A ingestão dos primeiros, apesar de não ser fatal, provoca diversos
problemas de saúde, como problemas gastrointestinais, insuficiência renal, efeitos
psicotrópicos, etc. Tudo depende do tipo de cogumelo tóxico ingerido. E depois
há a classe mais temida de todas, a dos cogumelos venenosos mortais. A ingestão
destes cogumelos provoca a fatal síndrome faloidiana. As toxinas destes
cogumelos começam por provocar problemas gastrointestinais, a que se segue insuficiência
renal e, por fim, o colapso do fígado, que leva ao coma e à morte. Pelo facto
de alguns cogumelos tóxicos e venenosos se confundirem com outros comestíveis é
que as fatalidades são relativamente frequentes. A ingestão de Amanita phalloides, por exemplo, é
responsável por 95% dos envenenamentos. Por isso, o consumo de cogumelos
silvestres é uma prática que envolve riscos, sobretudo quando não há certeza
sobre a comestibilidade de um determinado cogumelo. Nesse caso, será preferível
ir ao supermercado mais próximo e comprar uma lata deles. Não são tão
saborosos, mas podem-se comer à vontade.
Em Palme, os cogumelos (muitas vezes chamados "tortulhos" pelos mais velhos) também aparecem com abundância no outono. Apesar dos mais pequenos passarem despercebidos, nos terrenos em pousio e nas zonas florestais são fáceis de encontrar. A sua presença funciona também como bioindicador, ou seja, é sinal de que essas zonas não estão contaminadas com produtos químicos. Num destes dias solarengos de outono, uma atividade engraçada é partir pelos caminhos da nossa terra para desfrutar das belas cores da paisagem, dos seus frutos e encontrar estes curiosos e coloridos organismos que emergem do solo. Numa pequena caminhada encontrei estes belos exemplares que se seguem. Os dois últimos (Macrolepiota procera) acabaram num rico estufado, mas alguns deles, de acordo com um livro sobre a especialidade, são tóxicos. Mas olhar para eles não faz mal nenhum! Mas nunca se esqueçam que todos os cogumelos são comestíveis, mas alguns deles só o são uma única vez!
Em Palme, os cogumelos (muitas vezes chamados "tortulhos" pelos mais velhos) também aparecem com abundância no outono. Apesar dos mais pequenos passarem despercebidos, nos terrenos em pousio e nas zonas florestais são fáceis de encontrar. A sua presença funciona também como bioindicador, ou seja, é sinal de que essas zonas não estão contaminadas com produtos químicos. Num destes dias solarengos de outono, uma atividade engraçada é partir pelos caminhos da nossa terra para desfrutar das belas cores da paisagem, dos seus frutos e encontrar estes curiosos e coloridos organismos que emergem do solo. Numa pequena caminhada encontrei estes belos exemplares que se seguem. Os dois últimos (Macrolepiota procera) acabaram num rico estufado, mas alguns deles, de acordo com um livro sobre a especialidade, são tóxicos. Mas olhar para eles não faz mal nenhum! Mas nunca se esqueçam que todos os cogumelos são comestíveis, mas alguns deles só o são uma única vez!
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