A freguesia de Palme, desde
finais de maio, está transformada num enorme estaleiro. Ele são
retroescavadoras, máquinas giratórias, dumpers,
cilindros, camiões, gruas, betoneiras, carrinhos de aterro, rumas de canudos de betão e uma azáfama de
operários de coletes refletores que, de trastes em punho, escavam, martelam,
picam, assentam e betonam. Há ruas condicionadas, pontes cortadas, trânsito
proibido, troços congestionados pelo movimento anormal, que põem à prova a
perícia dos condutores com cruzamentos tangenciais e manobras providenciais. A
maior parte dos trabalhos está relacionada com a recuperação dos caminhos e das
ruas afetadas pelo mau tempo. As obras começaram em maio (curiosamente na
semana das eleições europeias), na rua do Eirado, com a reconstrução do muro de
suporte ao rio, a que se seguiu a repavimentação da respetiva rua. Daí os
trabalhos passaram para montante da ponte da Aldeia, onde já foi reconstruído o
muro do lado da rua e colocado um novo pontão a substituir o que foi arrastado
pela fúria das águas. A ponte sobre o ribeiro do Fulão foi também substituída.
Seguiu-se a repavimentação dos troços danificados das ruas de Paranhos e Roça.
Há ainda muito trabalho pela frente, nomeadamente nos lugares da Aldeia e
Paranhos, pelo que as obras, que seguem em ritmo pachorrento, se deverão
arrastar por vários meses até que tudo esteja concluído. Outras obras de repavimentação de caminhos têm avançado noutros pontos da freguesia, como em Cessal (Calçada dos Frades).
Ao mesmo tempo, o edifício da
escola velha foi finalmente recuperado. Desentulhada de toda a casta de
porcarias que ali foram acumuladas durante anos a fio, pintada, com portas e
janelas novas e restaurada por dentro, a escola velha já nada se parece com o
que alguns chamaram de “Casal Ventoso” de Palme, uma autêntica chaga ali
exposta à vista de quem passava na estrada nacional. Para além de reposta a
dignidade que o edifício merecia, está a servir de espaço de ocupação dos
tempos livres das crianças da terra. Uma verdadeira obra de misericórdia é o
que se pode dizer da requalificação física e funcional que foi feita ao edifício.
Mesmo em frente, no jardim da sede
da Junta, foi escavado um buraco de onde se ergueu um robusto caixote de betão
armado, que se destina à colocação de uma caixa multibanco. Este era também um
equipamento que fazia muita falta em Palme, pois obrigava a sucessivas
deslocações às freguesias vizinhas. Em breve terminarão, pois, estas
peregrinações e, com elas, o triste fado dos palmenses sentirem que eram menos
que os outros, pois nem eram merecedores de terem uma caixa multibanco na
terra.
Na capela da Sr.ª dos Remédios foram
feitas diversas obras de recuperação do edifício, como a substituição da cobertura,
que estava bastante deteriorada. O recinto da capela (tal como o da capela do
Sr. dos Aflitos) vai passar a dispor de balneários, um equipamento que também
faz muita falta por questões de higiene e de salubridade públicas, sobretudo no
período das festividades. Quem deverá torcer o nariz à obra serão os
proprietários dos terrenos adjacentes que, assim, se virão privados da
fertilização à borla que era feita por todos aqueles que não tinham bexiga de
almude nem intestino de paquiderme. Uma pena porque depois da festa era só
fresar o terreno e ver os nabos greleiros, viçosos e repolhudos, a medrarem de
dia para dia…
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