Volvidos cinco meses, os portugueses voltaram a ser chamados às urnas. Os eleitores acorreram ao velório em número razoável e os cartões de pêsames chegaram dos quatro cantos do mundo, muitos deles com origem no Rio de Janeiro.
Em cada uma das capelas mortuárias espalhadas pelo país, foi constituída uma equipa responsável pelo bom decurso das exéquias. À hora marcada para o início das cerimónias (08:00H), as pessoas, enlutadas e contristadas, começaram a chegar. Para além do último adeus, os eleitores puderam depositar na urna um cartão com a identificação daquele que iria ficar com a pesada herança do finado. Em câmara ardente, hirto e mirrado, jazia o defunto, a quem a luz das velas tornava a tez ainda mais amarela. Quem era o falecido?
A maior parte assevera que era o ex-primeiro-ministro, sustentando tal convicção no avançado estado de decomposição do cadáver e no cheiro pestilento sentido na capela. Para estes não restam grandes dúvidas que o falecimento ocorreu já há alguns anos, talvez em 2007 ou 2008, uma dúvida que só os resultados dos exames forenses poderão dissipar. Um número mais restrito de pessoas, mas ainda assim de certa monta, quer acreditar que o cadáver era do actual primeiro-ministro. Estes visionários, de olhar perscrutador, conseguem vislumbrar as manifestações, os tumultos e as revoltas que hão-de provocar o óbito do actual chefe do Governo. Mas, por limitações de ordem técnica, a bola de cristal não consegue determinar a data de tão funesta ocorrência. Por último, há aqueles que atestam que o cadáver era de Portugal. Roto, ressequido e maltrapilho, o corpo mostrava ainda as chagas dos maus tratos que os políticos lhe infligiram ao longo dos últimos anos. Por tanto ter sido espoliado e renegado pelos seus dirigentes, tem vivido os últimos tempos na mendicidade, de mão estendida aos estrangeiros que passam. Mas estes, egoístas e prestamistas, tem-lhe cobrado couro e cabelo, de pouco se importando que o velho Portugal definhe até morrer.
Quer-me parecer que a última versão é a mais verosímil. Senão vejamos, daqui em diante o país será governado por entidades estrangeiras, passando o Governo a ser o capataz responsável pela execução dessas ordens. E qual é o verdadeiro interesse dos agiotas externos, é que Portugal ressuscite? Não. É o de recuperar o capital que o país, desvairado, sorveu numa ânsia consumista de hipnotizado. Por isso, daqui em diante, o país vai ter que suar as estopinhas para pagar (será que vai?) a dívida monstruosa e as taxas de juro proibitivas impostas pelos onzeneiros dos mercados e dos parceiros europeus que nos “emprestaram” o dinheiro necessário para acudir às necessidades mais urgentes e para refinanciar a dívida. Com amigos destes quem precisa de inimigos?
Portanto, o que estava em causa nas eleições de 05 de Junho era a escolha do “pau mandado” dos decisores que ocupam as cadeiras do poder em Berlim e Frankfurt. E o povo português decidiu com os resultados que são conhecidos: com Passos Coelho acolitado por Paulo Portas, numa reedição da última coligação de má memória, o país deu uma guinada à direita, que irá acentuar as políticas já de si de direita que vinham a ser praticadas pelo anterior (des)governo.
O cobrador de fraque escolhido pelos palmenses foi Passos Coelho que, com 64% dos votos, obteve uma folgada maioria absoluta, o que permite falar numa autêntica coroação ou entronização do herdeiro. Para os palmenses não restaram quaisquer dúvidas que Passos Coelhos era o candidato com o perfil mais adequado - com a melhor massa muscular entenda-se - para espremer até à última gota o que ainda resta das pessoas, nomeadamente daquelas que mais têm pago a factura da crise. Com o objectivo de domar o monstro e de agradar aos mercados, o receituário das medidas anunciadas (reestruturações, cortes de pensões e de salários, despedimentos, aumentos de impostos, diminuições de prestações sociais, aumentos dos encargos com a saúde e com a educação, privatizações que mais parecem liquidações, etc.), que está também a ser aplicado a papel químico noutros países, mostra o caminho que vamos (e que nos vai) trilhar nos próximos tempos. Só esperemos que não seja o golpe de misericórdia que vá confirmar o óbito do país…porque se assim for, então, as eleições de 05 de Junho serviram para eleger o carrasco de Portugal!
Resultados das eleições legislativas 2011 em Palme: PSD: 63,6%; PS: 15,6%; CDS: 10,9%; BE: 1,8%; CDU: 1,5%; Outros: 3,3%; Brancos; 2,3%; Nulos: 1%; Abstenção: 38,9%.
Em cada uma das capelas mortuárias espalhadas pelo país, foi constituída uma equipa responsável pelo bom decurso das exéquias. À hora marcada para o início das cerimónias (08:00H), as pessoas, enlutadas e contristadas, começaram a chegar. Para além do último adeus, os eleitores puderam depositar na urna um cartão com a identificação daquele que iria ficar com a pesada herança do finado. Em câmara ardente, hirto e mirrado, jazia o defunto, a quem a luz das velas tornava a tez ainda mais amarela. Quem era o falecido?
A maior parte assevera que era o ex-primeiro-ministro, sustentando tal convicção no avançado estado de decomposição do cadáver e no cheiro pestilento sentido na capela. Para estes não restam grandes dúvidas que o falecimento ocorreu já há alguns anos, talvez em 2007 ou 2008, uma dúvida que só os resultados dos exames forenses poderão dissipar. Um número mais restrito de pessoas, mas ainda assim de certa monta, quer acreditar que o cadáver era do actual primeiro-ministro. Estes visionários, de olhar perscrutador, conseguem vislumbrar as manifestações, os tumultos e as revoltas que hão-de provocar o óbito do actual chefe do Governo. Mas, por limitações de ordem técnica, a bola de cristal não consegue determinar a data de tão funesta ocorrência. Por último, há aqueles que atestam que o cadáver era de Portugal. Roto, ressequido e maltrapilho, o corpo mostrava ainda as chagas dos maus tratos que os políticos lhe infligiram ao longo dos últimos anos. Por tanto ter sido espoliado e renegado pelos seus dirigentes, tem vivido os últimos tempos na mendicidade, de mão estendida aos estrangeiros que passam. Mas estes, egoístas e prestamistas, tem-lhe cobrado couro e cabelo, de pouco se importando que o velho Portugal definhe até morrer.
Quer-me parecer que a última versão é a mais verosímil. Senão vejamos, daqui em diante o país será governado por entidades estrangeiras, passando o Governo a ser o capataz responsável pela execução dessas ordens. E qual é o verdadeiro interesse dos agiotas externos, é que Portugal ressuscite? Não. É o de recuperar o capital que o país, desvairado, sorveu numa ânsia consumista de hipnotizado. Por isso, daqui em diante, o país vai ter que suar as estopinhas para pagar (será que vai?) a dívida monstruosa e as taxas de juro proibitivas impostas pelos onzeneiros dos mercados e dos parceiros europeus que nos “emprestaram” o dinheiro necessário para acudir às necessidades mais urgentes e para refinanciar a dívida. Com amigos destes quem precisa de inimigos?
Portanto, o que estava em causa nas eleições de 05 de Junho era a escolha do “pau mandado” dos decisores que ocupam as cadeiras do poder em Berlim e Frankfurt. E o povo português decidiu com os resultados que são conhecidos: com Passos Coelho acolitado por Paulo Portas, numa reedição da última coligação de má memória, o país deu uma guinada à direita, que irá acentuar as políticas já de si de direita que vinham a ser praticadas pelo anterior (des)governo.
O cobrador de fraque escolhido pelos palmenses foi Passos Coelho que, com 64% dos votos, obteve uma folgada maioria absoluta, o que permite falar numa autêntica coroação ou entronização do herdeiro. Para os palmenses não restaram quaisquer dúvidas que Passos Coelhos era o candidato com o perfil mais adequado - com a melhor massa muscular entenda-se - para espremer até à última gota o que ainda resta das pessoas, nomeadamente daquelas que mais têm pago a factura da crise. Com o objectivo de domar o monstro e de agradar aos mercados, o receituário das medidas anunciadas (reestruturações, cortes de pensões e de salários, despedimentos, aumentos de impostos, diminuições de prestações sociais, aumentos dos encargos com a saúde e com a educação, privatizações que mais parecem liquidações, etc.), que está também a ser aplicado a papel químico noutros países, mostra o caminho que vamos (e que nos vai) trilhar nos próximos tempos. Só esperemos que não seja o golpe de misericórdia que vá confirmar o óbito do país…porque se assim for, então, as eleições de 05 de Junho serviram para eleger o carrasco de Portugal!
Resultados das eleições legislativas 2011 em Palme: PSD: 63,6%; PS: 15,6%; CDS: 10,9%; BE: 1,8%; CDU: 1,5%; Outros: 3,3%; Brancos; 2,3%; Nulos: 1%; Abstenção: 38,9%.
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