A estrada municipal 305 (EM305), rebatizada há alguns anos
“Rua de Palme” pela equipa de toponímia que não foi capaz de descortinar um
melhor nome, encontra-se num estado calamitoso. O tapete asfáltico está
lanhado, gretado, rachado e repleto de buracos, alguns tão grandes que se
assemelham a crateras. A chuva torrencial destes dois últimos meses só tem
agravado o problema e circular nesta estrada devia ser apenas autorizado a
tratores agrícolas, principalmente na faixa no sentido Aldreu-Figueiró. A condução
é uma autêntica prova de perícia, obrigando os condutores a ziguezaguearem para
fugirem aos buracos e ao pavimento degradado. Senão, da próxima vez que o carro
for à inspeção, zás, anomalia no teste: o veículo apresenta um desalinhamento
de direção de 40%...a suspensão está quebrada…
Os tapetes asfálticos têm uma duração de vida aproximada de
15 a 20 anos no máximo. O tapete que temos aqui na “rua de Palme” terá perto de
20 anos. Aquando da última intervenção, foi colocado um tapete com uns dois
dedos de altura, para não entrar muito ao bolso da câmara, que é a responsável
pela gestão desta estrada, desde que ela foi desclassificada de estrada nacional.
No início, sim senhor, até dava gosto deslizar na estrada, perfeitinha e sem
irregularidades. Mas à medida que o tempo foi passando, as infiltrações, os
abatimentos do solo, as raízes das árvores metidas por baixo do tapete e,
principalmente, a pressão exercida pelos veículos pesados deram cabo do
pavimento. Depois vieram os tapa-buracos, deitaram para as zonas mais
escarafunchadas umas pazadas de gravilha untada de piche e a coisa vai-se
mantendo assim. Foi isso que fizeram esta semana. É um
remedeio, pois mais umas semanas batidas a chuva e os buracos voltam a
aparecer. É verdade que este problema não é exclusivo deste troço, pois se
continuarmos na mesma via em direção a Palmeira de Faro, já no concelho de
Esposende, o tapete não está em melhor estado, bem pelo contrário.
Para além do tempo de vida no limite e da pequena camada de
asfalto colocada na altura, um dos principais agentes destruidores do piso são
os veículos pesados, nomeadamente os camiões carregados de areia que percorrem
esta estrada. Desde há alguns anos a esta parte, diariamente, dezenas e dezenas
de camiões com milhares de toneladas de areia nos reboques têm rebentado a
estrada por completo. Pelas 8 da matina, é vê-los passar a intervalos de cinco
minutos, os motores a roncar com o esforço, lentos como caracóis com as casas
às costas, seguidos por longas filas de carros impacientes, a dirigirem-se
pachorrentamente para as zonas de Esposende, Barcelos ou Braga. Por isso mesmo
é que a faixa no sentido Aldreu-Figueiró está bastante mais deteriorada que a
outra.
As coisas não deveriam ser assim. É evidente que a via é pública e que
qualquer um pode nela circular. Porém, o tapete não foi dimensionado para uma
circulação tão intensa de veículos pesados. Se tivermos em conta a deterioração
causada por estas empresas de camionagem e de caulinos, deveriam ser tomadas
medidas para condicionar a circulação destes camiões e encaminhá-los por outros
acessos para a estrada nacional 103. Mas quais seriam essas alternativas?
Provavelmente não as há. Uma outra opção, que se tem conseguido em alguns
locais, seria estas empresas compensarem a câmara pelo desgaste provocado no
pavimento, contribuindo com uma percentagem para a reposição de um novo tapete.
Esta parece ser até a solução mais lógica e equilibrada, mas obrigava a que a
Junta e a Câmara fizessem pressão e que se chegasse a um acordo. Não se sabe se
alguma destas soluções está na calha, mas não se ouve falar de nada. As
autárquicas foram há meio ano e a colocação de um novo tapete asfáltico foi uma
promessa de várias listas candidatas à junta, incluindo da vencedora. Por isso,
há que fazer pela vida porque, como bem diz a sabedoria popular, “quem não
chora não mama”…
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